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terça-feira, janeiro 04, 2005

 

Jogamos este estúpido jogo que talvez ande a jogar sozinho.

No quarto dele estavam fotos tuas na parede.
Entrámos envolvidos numa conversa qualquer que trouxémos lá de fora. Fiquei imediatamente com os olhos presos nas imagens de ti, nas paredes e na mesa de cabeceira. Nada naquele quarto tinha a força gravítica que aquelas representações da tua presença exerceram no meu olhar, não tive força para não olhar vezes incontáveis à medida que a noite passava e eles se entretiam com conversas nas quais já nem consegui pensar.
Tu a sorrir, agasalhada no inverno de um país qualquer, os olhos quase fechados e o queixo enterrado num cachecol verde escuro. Tu e ele sentados num banco de um jardim não sei onde, nem muito próximos nem muito separados, um equilíbrio que nunca quis invejar. E tu no carro numa viagem de verão; tu na praia e o teu pescoço tão nu que quase sinto o quão suave ele é. Ou ele era, porque já não sei quais dos tempos é suposto usar.
Numa parede, ainda tu e a tua mão segurando um cigarro. Como quis beijar a tua mão nesse momento, passar os lábios por entre os teus dedos ou a ponta dos meus dedos pelos teus lábios. Como as saudades me apertaram a consciência por cima das piadas que eles iam fazendo atrás de mim.
Então ele liga-te para combinar aquela coisa para sexta-feira à noite. Ouvi a tua voz distorcida pelo telemóvel e o seu volume quase no máximo. Deves ter perguntado com quem ele estava e ele disse os nossos nomes, os 4 nomes, um por um. O meu no fim mas sem qualquer intenção, e tu não reagiste. Simplesmente combinaste aquela coisa para sexta feira à noite. Eu passei a noite silenciado pela tua imagem espalhada naquele quarto, e não senti a tua voz tremer quando o meu nome soou na tua mente.
Eu sei, eu sei, que a minha voz nunca treme quando o teu nome ecoa em mim. Jogamos este estúpido jogo.
Ou talvez ande a jogá-lo sozinho.

Comentários:
olá.. olah eu n te conheço de lado, nenhum xeguei aqui através de outro blog de uma pessoa que também não conheço de lado nenhum..enfim...não importa se conheço õu não, mas agradeço até onde me levou a minha curiosidade ou seja lá o que foi, porque encontrei um texto espantoso, um sentimento espantoso, e uma pessoa que escreve simples mas espantosamente!Parabéns!Espero que isso com a rapariga resulte...opá só consigp dizer..lindo, é mm muito lindo o que escreveste...era quase como um thriller...fiquei agarrada às palavras..quanto mais lia mais queria ler..parecia que era eu que estava a demorar os meus olhos naquelas fotografias!Fantástico...olha se eu um dia criar um blog posso por um link pa este blog, nele? rsp para pe_nita@hotmail.com bigado
beijinhos
 
Eu tenho lido muita coisa por este meio, e não só. Muitos blogues, livros, artigos, o que for. Coisas feitas por muita gente, de muitos sitios - pessoas que eu nunca vou ver na minha vida.
E saber que falo contigo todos os dias, e tu consegues escrever o que eu acabei de ler. Que tu consegues escrever um dos textos mais incríveis que eu já li em toda a minha vida. O quão (incrivelmente) bem eu me relacionei com ele, o quão bem ele pode expressar os sentimentos de muita gente, eu não sei dizer. Não tenho palavras. Está mesmo muito bom, os meus parabéns.
 
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