Pequeno resumo de algo que aprendi hoje:
Uma parcela dos pacientes que sofrem de
Epilepsia dos lobos temporais, além das crises e convulsões de que frequentemente sofrem, vivem experiências religiosas que, entre sensações e certezas várias, incluem visões.
Foi rápido até os cientistas começarem a explorar a ligação entre essa experiência religiosa sobrenatural e a hiperactividade dos lobos.
Michael Persinger, expert em
neuroteologia, afirmou a certa altura que podia, em laboratório, induzir a experiência religiosa e as sensações que a acompanham em qualquer pessoa normal, sem sofrer de epilepsia dos lobos temporais. Para isto, apetrechou um capacete com toda a sci-fi crap que os cientistas têm, de modo a poder manipular campos electromagnéticos que atravessassem os lobos temporais.
O resultado disto foi ter conseguido induzir, entre outras coisas, o que é conhecido por "sensed presence". Escuso de explicar o que isto é - já toda a gente sentiu a presença de alguma coisa numa sala onde não está mais ninguém.
Isto retoma a questão de estarmos ou não programados desde nascença para crer no místico. E tendo em conta que as reacções obtidas em laboratório derivaram de manipulação de campos magnéticos, é perfeitamente explicável que hajam relatos de visões e que a grande prova do místico seja frequentemente o "Existe porque sinto que". Se há coisa abundante na terra, além de gente estúpida, poluição e mcdonald's, são campos magnéticos. Raios, até o planeta tem um. Qualquer electrão tem um...
Há um documentário da BBC que explica tudo isto. Chama-se God On The Brain e faz parte de um programa chamado Horizon. Pode ser importado ou sacado do emule.
- Boa tarde, já é sócio do benfica?
- Não, não sou muito fã de futebol.
- Pronto. Se quiser ver a águia do Benfica é na loja já aí à sua esquerda.
- Ah ok, obrigado.
Faz sentido. Como não sou fã de futebol, estou ansioso para ver a merda da águia do Benfica. Oh, até ia ao jardim zoológico amanhã mas como posso ver a águia escuso de lá ir. Vou ali à loja do Benfica e sinto-me logo no deserto africano, só de ver a águia.
there's a glossary of dirty words for people just like you
Escreveste-me cartas. Não devias ter feito isso. Mas foi no passado, na altura em que não sabias que no futuro te ias aperceber que as cartas que me escreveste, não as devias ter escrito.
Tudo o que vale, vale num tempo que eventualmente se esgota. Embora as palavras sejam pretensiosas, e queiram significar para sempre. E se as palavras estão fora de prazo, é porque o tempo muda e não porque o tempo passa. E se o tempo muda, espera-se das palavras que se esvaziem, e nada mais. Porque é que escrevemos cartas? Não devíamos ter escrito. Se o tempo passa, serve-nos mais se nada guardarmos dele.
Assim que nos sentamos no bar, o Sérgio pega no
livro que tenho na mão e vira-o para ler o título. E diz-me "Aprendes mais nos transportes públicos que durante o ano nesta escola".
Sobre a visão científica dos fenómenos e a beleza:
"O arco íris que tu vês e o arco íris que eu vejo são criados por gotas de chuva diferentes. Os nossos olhos estão em sítios diferentes, por isso detectamos cones [de luz] diferentes, produzidos por gotas diferentes.
Os arco-íris são pessoais.
Algumas pessoas acham que este tipo de compreensão «estraga» a experiência emocional. Eu acho que isso é um disparate. Mostra uma forma de complacência estética deprimente. As pessoas que fazem tais afirmações gostam, muitas vezes, de se fazerem passar pelo tipo poético, aberto às maravilhas do mundo, mas de facto padecem de uma grave falta de curiosidade: recusam-se a acreditar que o mundo possa ser mais maravilhoso do que as suas próprias imaginações ilimitadas. A natureza é sempre mais profunda, mais rica e mais interessante do que aquilo que se pensa, e a matemática dá-te uma forma muito poderosa de apreciares este facto. A capacidade de compreender é uma das diferenças mais importantes entre os seres humanos e outros animais, e deveríamos valorizá-la. Há imensos animais que têm emoções, mas tanto quanto sabemos só os humanos pensam racionalmente. Eu diria que a minha compreensão da geometria do arco-íris acrescenta uma nova dimensão à sua beleza. Não retira nada à experiência emocional"
Do livro
Cartas a Uma Jovem Matemáticade Ian Stewart.
Para todos aqueles que não conseguem entender o que é ciência, sem que isso os impeça de menosprezar uma visão mecânica e determinista da realidade.
Etiquetas: Ciência
No meu sono, apercebo-me que a décima valsa de chopin, Op. 69 nº 2, é sobre o dia a dia da
máfia japonesa, um erro perdoado, e um segundo pago com a própria vida, numa execução. Um funeral, e a memória. Fim.
"So this is the new year
And i don't feel any different.
The clanking of crystal
Explosions off in the distance.
So this is the new year
And I have no resolutions
For selfl assigned penance
For problems with easy solutions
So everybody put your best suit or dress on
Let's make believe that we are wealthy for just this once
Lighting firecrackers off on the front lawn
As thirty dialogues bleed into one"
Death Cab For Cutie,
The New YearDois um zero. Muda um dígito na contagem ocidental do período de tempo de decidimos definir por ano. O dia seguinte é igual ao anterior, na verdade, mas tentamos enganar-nos até à sensação de recomeçar, de nova oportunidade.
Alguém mais se lembra das pessoas que trabalham nas protagens? Eu lembro-me todos os anos. Deve ser chato. Paciência.
Há cerca de 80 passagens de ano numa vida. Continuo a não ver o imperativo de celebrar cada uma delas. Consigo ver a raridad de, por exemplo, a passagem do milénio. E mesmo assim toda a gente a celebrou no ano errado. O povo é tão idiota, meu Deus. Vamos fingir que estamos a comemorar a passagem do milénio, o que começámos a contar em 1006.
Na primeira semana, com o recomeçar das aulas e o retomar dos círculos rotineiros que não mudaram com a passagem do dígito, caras velhas perguntam-me: "Então, nem uma mensagem a desejar um bom ano?". Enfim, nunca me tinha apercebido que os meus amigos eram pessoas tão inseguras. Ao ponto de, se eu não lhes mandar uma mensagem (ou telefonar) a desejar bom ano, eles acreditem fielmente que eu como as doze passas e doze vezes desejo que eles tenham uma merda de ano. Sim, eles precisam que eu mande a mensagem ou telefone a confirmar que é o meu desejo que o ano de 2007 lhes seja agradável. Se eu me esquecer, ficam a pensar que ao adormecer, pedi a Deus que lhes desse cancro.
Etiquetas: Ano novo