É muito natural que se questione a realidade visível. A meu ver, é a mais questionável. Porque se olhar para o sol,
vejo que ele anda à volta da terra. E as estrelas no céu, algumas já não existem mas continuamos a
vê-las. Este exemplo é especialmente bom para explicar o último post. Só vemos estrelas que já não existem porque elas estão a muitos anos-luz de distância, o que significa que a luz que elas emitem só chega aos nossos olhos muitos anos depois de ter sido emitida. Ou seja, se uma estrela a 10 anos-luz de distância explodisse, nós só veríamos essa explosão 10 anos depois,
quando a luz chegasse aos nossos olhos.
Quando digo que os olhos só vêm luz e que não vemos nada do mundo, estou a ser muito real, não é um devaneio poético. Quando está escuro não vemos nada, mas as coisas existem. Na verdade, não vemos directamente as coisas mas a luz que elas reflectem.
E a cor, também não é uma propriedade exclusiva das coisas. Uma laranja é cor-de-laranja porque a luz que incide nela contém a cor laranja (a luz branca, solar, contém todas as cores), que pode ser reflectida (pela laranja) até aos nossos olhos. Se fizermos incidir luz azul, a laranja teria uma cor escura, senão preta.
Questionar a realidade visível não é realmente nada inatural, nada rebuscado.