Telemóvel,
garrafa de água,
máquina fotográfica,
panfleto da Pizza Hut,
tigela de cereais,
são tudo objectos que vejo em cima da minha mesa e que não têm nada a ver com o facto de eu ter passado o natal no Alentejo, na pequena aldeia de Vale do Peso. Porque passar o natal no alentejo tem a ver com comer até doer a barriga - gambas, ameijoas, peru, febras de porco preto, arroz à valenciana, cracas (haha, o que são cracas?, perguntam vocês), camarões, mulheres com barba, cavalos, anões tetraplégicos, galinhas mutantes das luas de saturno e, claro, bacalhau com batatas e couve.
Durante 3 dias pensei num milhão de coisas para escrever. Se conseguisse instalar o Word no meu cérebro, podia ter escrito um livro enquanto tentava adormecer debaixo de 6 cobertores (Dezembro + Alentejo = Frio, que é como o natal se quer). E como acontece sempre que chego de viagem, sento-me aqui e não me lembro de uma única frase. As únicas coisas que me lembro são as oportunidades que perdi para tirar fotografias que teria adorado. Talvez para o ano...
Mas não foi de todo não-produtivo (ajudem-me a substituir isto por uma palavra sem ífen, sff): sem querer, criei um belo poema:
"Boas festas, bom natal
Nasceu cristo"
etc,
coisa e tal.
Isto soa tudo muito cómico (ou não, mas eu tento) mas de facto lembrei-me que o natal é também a comemoração do nascimento de Cristo (
Christmas?). Embora não acredite em nada do que ele pregou, embora ache que ele acreditava fielmente em algo que não sei se será verdade, não deixo de admirar a coragem que teve para aceitar as consequências de afirmar a sua verdade até ao fim. Crente ou não, é necessário reconhecer a nobreza da sua atitude. Mais louvável que qualquer um de nós. Portanto interiormente cantei-lhe os parabéns.
Depois olhei para as febras de porco preto e esqueci-me dessa cena toda.