A falta de respeito, embora muitas vezes não intencional, acontece, e quase sempre como fruto da insconsciência de estarmos a magoar o outro. Manifesta-se em coisas extremamente pequenas, egoísmo na sua forma mais leve e inerte, como sermos o centro do universo mas com uma rotação tão lenta que... toda a gente se habitua.
A base da falta de respeito (não só a nível quotidiano) é a ausência da capacidade de funcionar um pouco à base de simetria ou de espelho, ou seja, pensar que do outro lado das nossas conexões está alguém que, tal como eu, é consciente e pensa e sente. Alguém que se sente tão individual quanto eu. Alguém que, tal como eu, se quer impor, e tal como eu, tem direito a isso. Portanto tem que ser equilibrado - todos se impõem e todos se sacrificam.
Claro que isto é um pensamento de certo modo bidireccional. Não só devo pensar que o outro é igual a mim, como deve exigir que ele penso o mesmo. O problema é que geralmente só se exige dos outros que assumam igualdade, quando nós próprios não o assumimos.
Mas a falta de respeito é como tudo: cresce enquanto tiver espaço para isso, enquanto lhe for dado espaço de manobra para tal. Sendo eu o centro do universo, posso faze-lo rodar em torno da minha pessoa muito lentamente, um nível de egoísmo tolerável que se infiltra no dia-a-dia. Depois posso ir acelerando a rotação, esticar a linha que define o aceitável do inaceitável, expandir cada vez mais o meu egoísmo.
Não sei como acabar isto portanto fica assim.